-: abr 18, 2018 / Editor

CPTED – Prevenção de Crimes por meio de Projetos

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CPTED é um acrônimo, na língua inglesa, para Crime Prevention Through Environmental Design, “Prevenção de Crimes por meio de Projetos”. É uma abordagem multidisciplinar que busca reduzir o crime e a insegurança colocando lado a lado planejadores, projetistas, arquitetos e profissionais de segurança que trabalham para criar um clima seguro em de um ambiente, com projetos que eliminem ou reduzam o comportamento criminal e ao mesmo tempo encorajem as pessoas a manterem-se alertas, provendo segurança uns aos outros.

“O próprio projeto e o uso efetivo do ambiente construído podem conduzir a uma redução no medo e incidência de crimes, e a uma melhoria da qualidade de vida”.
National Crime Prevention Institute – EUA

A abordagem do CPTED torna a segurança menos agressiva para as pessoas, evitando o sentimento de “estar prisioneiro” naqueles que se pretende proteger. Além disso, é totalmente transparente aos usuários, permitindo que se consigam maiores graus de segurança sem que mostre que se está preocupado com a segurança, o que pode ser uma vantagem.

Os princípios do CPTED podem ser aplicados de forma fácil e barata no construir ou remodelar. Em algumas comunidades que aplicaram os princípios de CPTED nos EUA a atividade criminal diminuiu em até 40 por cento.

Historicamente, a ênfase da prevenção de crimes esteve na abordagem da dificultação do acesso ao bem que se queria proteger por meio de dispositivos (fechaduras, sistemas de segurança, alarmes, equipamentos de monitoração etc) e processos (patrulhamento, legislação etc), estratégias de prevenção de crime que pretendem tornar o acesso ao objetivo do criminoso mais difícil, mas que podem também criar um sentimento de “estar prisioneiro”. Esta abordagem tradicional tende a negligenciar a oportunidade para controle de acesso e vigilância natural. O CPTED coloca sua ênfase no “natural”.

Origens

1968, Jane Jacobs discutiu a interação do ambiente físico com seus habitantes e quão importante isto era para a vida e vitalidade de uma rua ou bairro no livro The Death and Life of Great American Cities.

1969, o arquiteto Oscar Newman cunhou a expressão “espaço defensável” quando iniciou seu estudo sobre planejamento de moradias, associando a ele a percepção das pessoas que ali residiriam sobre segurança. O foco era de como aquelas pessoas se sentiriam em relação ao senso de propriedade – ou à sua falta (reforço territorial), e a relação disso com a atividade criminal. Parte de seu trabalho relacionou-se desde então ao projeto de uso de ruas residenciais como um fator impeditivo para o crime.

1971, Clarence Ray Jeffery, criminologista norte-americano cunhou o termo Crime Prevention Through Environmental Design após estudar a relação entre o ambiente físico e incidência de crimes.

Princípios gerais

A) Vigilância natural
Considera a combinação de características físicas, atividades que serão desenvolvidas e as pessoas que as desenvolverão no local de tal modo sobre que maximize a visibilidade. O desenho da planta deve permitir que estranhos sejam facilmente observados por todos. Deve-se buscar a visibilidade sobre as pessoas, estacionamentos, entradas dos prédios (portas e janelas faceando ruas e estacionamentos), passeios de pedestres e iluminação adequada à noite.

B) Reforço territorial
Encorajam o uso de itens físicos – primordialmente barreiras naturais, mas, se necessário, incluindo barreiras artificiais que expressem propriedade. O desenho da planta pode criar ou estender a esfera de influência das pessoas. Os utilizadores desenvolvem então um senso de controle territorial que, quando percebidos por potenciais agressores, serve de fator de dissuasão. Devem ser definidos os limites da propriedade e tornar bem clara a distinção entre espaço público e privado, utilizando-se cercas-vivas ou outros métodos.

C) Controle de acesso natural
Busca a orientação física das pessoas indo e vindo em um espaço pela colocação judicial de entradas, saídas, cercaduras, ajardinados e iluminação. Nega-se o acesso aos locais que possivelmente poderão ser alvos de agressões e cria-se nos agressores uma sensação de risco. Consegue-se por meio de rotas, passeios e elementos estruturais que indiquem claramente a direção que as pessoas em geral devem seguir, desencorajando o acesso indevido a áreas privadas.

D) Manutenção
Deve permitir o uso continuado de um espaço para seu propósito planejado e servir como uma expressão de propriedade. Não se deve permitir qualquer redução da visibilidade de todos sobre o local ou obstrução na iluminação noturna.

Alguns autores incluem o CPTED com parte integrante da teoria da Segurança Física, outros o consideram como um planejamento separado, que se insere após a análise do risco e antes do planejamento da segurança física propriamente dita. Porém, mais importante que discutir se CPTED pertence ou não à segurança física é compreendermos que sempre haverá estreita ligação entre a arquitetura do projeto e a segurança.

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